Uma Madrugada na Oficina de Mercúrio-Exu

                  Exu, Orixá dos começos.


    Mércúrio, sua mini-saia, caduceu e pés com asas



                                               O Mensageiro Mercúrio [brasileiro]


    Mércurio, do panteão mitológico romano, corresponde ao grego Hermes, senhor das "mensagens" - uma espécie de "poeta", "inventor", "comerciante", "ladrão sagaz" e "esperto leitor" dos designios das outras divindades. Conforme narram as teodicéias clássicas, sobretudo em Homero, Mercúrio era o único filho que Zeus não tivera com Hera. Nascido na Arcádia, filho de Maia, demonstra ainda bem menino uma esperteza e inteligência incomuns. 

    Uma de suas peraltices foi a de ter escapado do berço e chegar com grande desenvoltura em Téssália, donde rouba parte significativa do rebanho pastoreado pelo seu irmão Apolo. Ladino que era, trata logo de esconder numa caverna o fruto de sua "apropriação". Esperto, como somente ele, retorna ao berço, como se nada de extarordiário tivesse acorrido. Mas eis que Apolo descobre o furto e o seu autor, tratando de levá-lo à presença do Pai Zeus. 

    O castigo do pai ao filho foi que tratasse de imediato de devolver os animais a Apolo. Mercúrio, entretanto, põe-se a tocar a lira - instrumento musical por ele inventado com as víceras de um dos animais que imolara. Apolo, esquece-se de imediato da sentença de Zeus, encantado que ficara com aquele engenho do qual brotava um som belo, que fazia vibrar o ar maneira que nem mesmo o vento no alto das colinas conseguia produzir: era a música que arrebatara o coração de Apolo. Dá-se pois uma transação comercial entre os dois irmãos: A lira em troca do rebanho e ainda o caduceu - bastão com propriedades mágicas que aparece na maioria das representações plásticas do deus Mercúrio, que confere a esse o dom da adivinhação.

    Em muitas das obras plásticas clássicas, Mercúrio é representado como um rapaz bonito vestido apenas de uma mini-túnica. Traz na cabeça um capacete alado , tal qual suas sandálias trazendo na mão seu principal símbolo, o caduceu. 





      Essa excurção breve nesse universo mitológico grego-romano deixou nas línguas originadas do latim- a exemplo do espanhol e do português, marcas até hoje não apagadas. A exemplo de Mercúrio/Hermes em grego, ficou a palavra "hermeneútica" - que significa o ato social de "ler/interpretar" com profundidade os textos ditos "herméticos" [considerados difícies...densos] - em geral os de origem filosófica e religiosa

    Esses traços sagrados-profanos que desenham as caractéristicas de Mercúrio, o fazem da mitologia greco-romana podem ser relacionadas aos atributos de deuses de outras mitologias, a exemplo da pouco conhecida, porém tão rica e cheia de sutilezas - refiro-me a Mitologia Africana. Penso agora na divindade "Exu" do yorubá "Esu Osije" - o Mensageiro dos Orixás, senhor dos mil ardis, o criativo e engenhoso, aquele que se deleita em estratagemas, o que ri no escuro, o que anda ligeiro, o mestre das ambivalências [Ver de João Ubaldo Ribeiro - Viva o Povo Brasileiro]. Isso dá caldo para minhas próximas postagens. "Larô-iê, Exu, senhos dos começos!"


    Um beijo e uma terça-feira boa, bonita, tranquila, feliz.

    Saudações de M.e.r.c.ú.rio




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